Em 11 de fevereiro de 2007, Portugal realizou o segundo referendo sobre o aborto (designado como ‘interrupção voluntária da gravidez).
O centro da discussão deveria ter sido, sempre, a singularidade de cada vida humana e a humanidade que nela se expressa de forma única
Quando nos damos conta de que uma vida abortada é uma vida quebrada, impedida de viver, impedida de nascer, os mais de 200 mil abortados (desde 2007) passam a ser um grito que incomoda.
Deixam de ser números e estatísticas para passarem a ser vítimas.
E a vítima primeira, que é o filho não nascido, acarreta o surgir de uma outra vítima: a mãe que deixa de o ser no momento em que aborta!
Desde muito antes de 2007, o país organizara-se, em associações que o silêncio da imprensa não tem permitido conhecer com rigor, para tudo fazer para que a vítima-filho e a vítima-mãe não continuassem a sê-lo. Um pouco por todo o país, nasceram organizações que, ao longo de mais de duas décadas, têm dado resposta de cuidado e acompanhamento para que ninguém se perca porque as circunstâncias são difíceis.
Pois é claro que o aborto é uma violência. Violência sobre a mulher; violência sobre o filho. E a resposta nunca deveria ter sido a legitimação da violência, mas a solução das suas causas e a sensibilização para a importância de acolher a vida; a vida que gera e a vida que se gera!
A legalização do aborto mostrou que a chaga aborto não diminui, antes se agudiza com a progressiva insensibilização da sociedade para a beleza da vida.
A legalização do aborto não acabou, aliás, com aquilo que se propunha terminar. Dizia-se, então, que a mulher que abortava morria vítima da ilegalidade do ato. A morte de mulheres, por prática de aborto legalizado e praticado em estabelecimentos autorizados e as inúmeras sequelas e lesões graves sofridas no contexto do aborto legal mostram a fake new em que toda esta discussão tem estado enredada.
15 anos depois da legalização do aborto, a Federação Portuguesa pela Vida deixa um apelo: dê-se um rosto; dê-se um nome a cada humano abortado e, depois, perguntemo-nos o que temos andado a fazer.
Uma sociedade que acolhe, que cuida, que quer o fim da violência não pode contar com o aborto como uma prática legitimada pois é a violência no seu reduto mais nuclear da vida humana: o reduto da relação entre a mãe e o seu filho.
Uma sociedade assim só pode ser uma sociedade assente sobre uma ética dos fortes e não sobre uma ética do cuidado.
A Federação Portuguesa pela Vida deixa, por isso, o convite a que 11 de fevereiro de 2022, momento em que se cumprem 15 anos sobre a legalização do aborto, Portugal reflita diante do clamor de mais de 200 mil como nós, uns de nós, a quem foi impedido nascerem.
Porque toda a vida humana conta!
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